Portugal

Em Portugal as crianças que participaram no projeto Projeto Cuidar Culturas de Resiliência à Catástrofe entre Crianças e Jovens trabalharam o tema das catástrofes cuja frequência e intensidade tenderá a aumentar em resultado das alterações climáticas. Os diálogos com crianças e jovens decorreram em três localidades do país. Em abril-maio de 2016 foi realizado um piloto em duas escolas de Lisboa, envolvendo alunos de duas turmas do 4º e duas do 9º ano. Os materiais resultantes dos workshops com o 4º ano foram apresentados à comunidade escolar e a alguns representantes da Proteção Civil. Com base nessa experiência, entre outubro de 2016 e fevereiro de 2017, foram realizados nas localidades de Albufeira e Loures workshops com crianças e jovens (uma turma do 4º ano e um grupo de voluntários do 9º ano), seguidos de Exercícios de Aprendizagem Mútua (EAM) com decisores locais na área da educação e da proteção civil.

Os workshops de Albufeira foram organizados em colaboração com o Serviço Municipal de Proteção Civil. Albufeira é um município costeiro na região do Algarve com cerca de 41 mil habitantes. Em novembro de 2015 a baixa de Albufeira sofreu inundações graves, que provocaram danos em casas, estabelecimentos comerciais e estradas. Alguns anos antes cinco pessoas morreram devido à queda de uma falésia na praia. Esta localidade foi escolhida devido a estes dois eventos, uma vez que as crianças e jovens terão aqui uma perceção de risco mais aguda.

Os workshops de Loures contaram com a colaboração dos serviços municipais de educação e de proteção civil. Este município está localizado na  periferia de Lisboa e tem como principais riscos associados às alterações climáticas, as cheias e as ondas de calor. O último evento significativo de inundações ocorreu em 2008, embora as grandes inundações ocorridas em 1967 ainda ecoem na memória dos cidadãos de Loures, devido a um elevado número de vítimas mortais.

Durante os workshops as crianças e os jovens de Albufeira e Loures tiveram oportunidade de desenvolver atividades em torno do tema das catástrofes , explorando em particular os eventos climáticos extremos recentes ocorridos nas suas localidades. Todos os grupos selecionaram como risco prioritário para trabalhar o risco de cheias/inundações, sendo que o grupo do 9º ano de Loures trabalhou também a vulnerabilidade da sua escola ao risco de tempestades e vagas de frio. Durante as sessões os participantes abordaram também o papel dos vários agentes de proteção civil, bem como as vulnerabilidades e capacidades das suas cidades. No final, para além de terem formulado as suas próprias propostas de medidas de redução do risco nas fases de preparação/prevenção, resposta e recuperação, desenvolveram mensagens e prepararam materiais de comunicação para apresentar aos representantes institucionais da área da Proteção Civil.

Nos Exercícios de Aprendizagem Mútua as crianças e jovens tiveram oportunidade de apresentar os resultados dos workshops aos elementos da Comissão Municipal Proteção Civil local, designadamente as medidas de prevenção de risco de inundações. Entre as medidas propostas pelos grupos destacam-se, entre outras, a criação de um folheto de sensibilização sobre catástrofes dirigido a crianças, de clubes de voluntariado jovem para trabalhar o tema da redução de riscos  e de um concurso de limpeza na sua escola para evitar a acumulação de lixo e o entupimento das sargetas. Durante o exercício, os representantes institucionais puderam tecer os seus comentários sobre as apresentações e as crianças e jovens tiveram ainda oportunidade de colocar peguntas aos presentes,que foram prontamente respondidas. O feedback de todos os participantes foi muito positivo e algumas das ideias propostas foram elogiadas, havendo interesse em relação à sua implementação.

Os resultados deste processo irão ser apresentados no Encontro Nacional “Participação de crianças e Jovens na Redução do Risco de Catástrofe” que terá lugar no dia 31 de maio. Este evento irá contar com os participantes do 9º ano, representantes de serviços de proteção civil a nível local, distrital e nacional, bem como especialistas na área da participação de crianças e jovens.